Alegria sem preço

Mais uma vez o Rock in Rio voltou, e voltou em grande.

No que diz respeito à qualidade da organização e infraestruturas atingiu desde a edição de 2006 a excelência.

O cartaz é sempre rico em grandes nomes, sem dúvida! MAS....

O meu "mas" prende-se com algumas "injustiças". É sabido que a indústria do espectáculo é pouco dada à gratidão e à justiça mas há coisas que mereciam ser tratadas de outra forma.

Ontem, 1 de Junho, uma banda com 30 anos de carreira, a fazer música e a dar concertos. Uma banda que respeita o publico e que o publico abraça sempre com entusiasmo provou que sabe mais uma vez proporcionar um grande espectáculo. Os xutos & Pontapés foram colocados no inicio do cartaz, com estatuto de banda secundária, com pouco tempo de concerto para todas as musicas que queríamos ouvir deles, tal como havia acontecido nas outras duas edições do festival.

Mas eles mais uma vez elevando o nível do seu profissionalismo, e da sua elegância não se queixaram, deram tudo o que tinham, divertiram-se em palco, levaram uma orquestra, puseram o parque da Bela Vista literalmente aos saltos em euforia mesmo que nas 1ªas filas estivessem apenas pré-adolescentes histéricas, à espera de uns putos alemães de 18 anos que ainda pouco ou nada provaram em termos de qualidade musical mas que (supostamente) têm uma imagem que transforma adolescentes em jovens compulsivamente desequilibradas. Duas delas (que não aparentavam mais de 14 ou 15 anos) diziam que dormiram duas noites à porta do recinto para serem as 1ªas a entrar no dia dos Tokio Hotel. À pergunta da jornalista que as entrevistava, uma respondia em lágrimas que o fez "porque não podia perder a oportunidade de lhes dizer na cara tudo o que sente, tudo o que tem para lhes dizer" ... e eu preocupado a pensar que elas estavam lá porque gostam da música.

Os xutos alheios a tudo isto fizeram o que melhor sabem, rock and roll... recebendo um "cache" certamente ridiculamente irrisório quando comparado ao que recebe uma jovem com um disco gravado e que se apresenta para trabalhar, encharcada em álcool e em droga, sem voz, com um aspecto medonho e sem capacidade sequer para se equilibrar nas próprias pernas quanto mais para justificar o que ganha para dar um "concerto".

Dificilmente vão haver imagens iguais neste festival...no palco banda e atletas olímpicos portugueses a "curtir à grande" e fazer todos gritar por Portugal. No recinto, pais com os filhos aos ombros alguns ainda sem idade para ir à escola, aos saltos em comunhão ao som da maior banda rock portuguesa. Filhos de sorriso rasgado a reviver as canções da juventude dos pais.

Reparem no grande plano do "puto" com a braçadeira vermelha e amarela! Reparem no final do concerto nos sorrisos e nos abraços que se deram em cima do palco em celebração de uma alegria que gostaria de ver mais valorizada, seja com os xutos seja com outros...